O primeiro e talvez o único debate
entre os candidatos a prefeito de Cotia destas eleições ocorreu na noite desta
terça-feira (4). O evento, fez parte da nona edição da Noite Política do
Colégio Madre Iva, instituição católica da Associação Beneficente Providência
Azul, da qual participam alunos do Ensino Médio.
Além dos alunos do colégio, estudantes das escolas pública República do Peru, Idomineu Antunes Caldeira, Tenente Ernesto Caetano de Souza e Pedro Casemiro Leite também participaram com direito a representantes na mesa. Pais,professores e diversas pessoas da comunidade e alguns candidatos a vereadores também acompanharam o debate.
“Saúde Pública em Cotia”, este foi o tema escolhido pela organização
para o qual foram convidados os três candidatos a prefeito da cidade, Carlão
Camargo (PSDB), Toninho Kalunga (PT) e Santo Siqueira (Psol). Apenas Carlão
Camargo não participou.
Criador e criatura. De um lado Santo Siqueira, 69 anos, fundador do PT
onde militou por mais de 30 anos e também representou o partido na Câmara entre
2001 e 2004, tendo inclusive cadeira na mesa diretora, como secretário. Agora
está filiado ao Psol e deixou claro sua oposição ao PT.Do outro lado Toninho Kalunga, 40 anos que foi aluno da escola Pedro Casemiro Leite, onde Siqueira era o diretor e juntos travaram muitas lutas, como o direito do passe escolar gratuito para os estudantes. Posteriormente Kalunga ocupou a vaga deixada por Siqueira na Câmara.
A ausência do prefeito Carlão Camargo foi motivo de grande vaia pelos estudantes. A sua cadeira permaneceu vazia. Como estabelecia a regra, não foi lido nenhuma justificativa pela não participação.
Com tempo exíguo para responder às perguntas de estudantes,
representante do Voto Consciente e duas enfermeiras, no primeiro bloco os
candidatos acabaram deixando muitas repostas incompletas. Vale ressaltar que o
tema Saúde foi tratado em toda a sua amplitude e por isso teve ramificações
para qualidade de vida, meio ambiente, transporte entre outros.
Siqueira por diversas vezes criticou o contrato entre a Prefeitura de
Cotia com os institutos Acqua e Vida que prestam serviço de mão de obra na
Secretaria de Saúde. Para ele, este tipo de contrato é porta aberta para a
corrupção. E adiantou que vai ao Ministério Público. O contrato de 30 anos com
a Sabesp bem como a renovação foi questionado pelo candidato pois ao longo
desses anos, muito pouco foi feito no saneamento básico da cidade.Kalunga também foi contra os institutos. Para ele a saúde deve ser baseada em um único tripé: pública, gratuita e universal. O que não ocorre em Cotia devido ao custo oneroso dos contratos.
Ao longo de todo o debate, Siqueira alfinetou seu oponente, sempre tecendo críticas à Câmara Municipal e ao próprio vereador. Já Kalunga fez questão de sempre lembrar da ausência do prefeito Carlão Camargo.
O ponto alto do debate viria nos dois últimos blocos quando candidato perguntou a candidato (apenas uma pergunta para cada um) e nas considerações finais.
O primeiro a perguntar foi Santo Siqueira que quis saber de Kalunga porque ele votou favorável ao projeto do loteamento previsto para a mata da Granja Carolina (no km 34 da Raposo que se estende até Itapevi) ao invés de defender a criação de um parque público no local.
Kalunga não titubeou. Lembrou que a área não é pública e que para se construir um parque no local, seria necessário desapropriar a área e indenizar os proprietários e desafiou Santo Siqueira a dizer de onde a prefeitura tiraria dinheiro para tanto. “Para pagar uma indenização dessas provavelmente vai faltar dinheiro para a saúde e outros setores prioritários”.
Na sua vez de perguntar, Kalunga quis saber do seu ex diretor se ele
considerava correto o critério de distribuição de passe escolar apenas para
alguns alunos quando nos anos 90 havia atraso na entrega pela prefeitura.
Siqueira também não titubeou na resposta. Disse que alguns alunos
atrasavam na entrega de alguns documentos e o que o atraso no passes ocorria
porque a prefeitura não pagava Danúbio Azul e esta por sua vez não entregava os
passes. “Como ocorre hoje com os institutos, a prefeitura, não paga e os
funcionários não recebem”, lembrou. Por esse motivo sempre havia manifestações
de alunos, sempre lideradas pelo próprio Santo Siqueira. Foi nesta época também
que o ex vereador editou um jornal onde fazia críticas ao então prefeito Ailton
Ferreira e acabou sendo condenado por injuria e difamação e teve de cumprir
pena de dois anos prestando serviços no IML.Já nas considerações finais, Kalunga lamentou que Santo Siqueira não tenha, em nenhum momento lamentado a ausência de Carlão. Siqueira que durante o tempo todo exibiu uma lista com os 117 funcionários da Câmara Municipal o que pra ele é um absurdo, denunciou que o vereador Kalunga possui funcionário fantasma em seu gabinete. Segundo ele, o chefe de gabinete de Kalunga, Antonio Wagner, também presidente do PT, está locado na verdade no gabinete do vereador Serafim Monteiro, da base do governo Carlão.
E este foi também o único momento em que houve direito de resposta.
Kalunga rebateu Siqueira. Concordou que seu funcionário esta de fato vinculado
ao gabinete de outro vereador mas não é fantasma, cumpre expediente diariamente
na Câmara. E finalizou dizendo que Siqueira será processado novamente por
calunia e difamação.
Fonte: Cotiatododia